Recuperação da segunda caixa-preta traz respostas e novos questionamentos
Depois de quase um mês de buscas, autoridades indianas finalmente encontraram a segunda caixa-preta do Boeing 787-8 Dreamliner da Air India que caiu em Ahmedabad, em 16 de junho de 2025. Esse equipamento, conhecido como gravador de voz do cockpit, vai ajudar a entender o que realmente aconteceu nos 32 segundos que o avião ficou no ar antes da tragédia que deixou 270 mortos.
O material recolhido agora se junta ao gravador de dados de voo, já recuperado, e começa a traçar um retrato mais detalhado dos últimos momentos do voo. Segundo o relatório preliminar liberado por investigadores indianos em 12 de julho, a queda rápida do avião ficou marcada por um evento assustador: as alavancas de corte de combustível dos dois motores foram acionadas praticamente ao mesmo tempo, logo após a decolagem — tudo em menos de um segundo.

Perguntas sobre o corte de combustível e o papel dos pilotos
Um detalhe chamou a atenção de todo mundo que já analisou o relatório: a gravação da cabine captou um piloto questionando o corte de combustível, enquanto o colega teria negado estar envolvido. O diálogo revela uma surpreendente falta de comunicação ou um erro operacional não explicado até agora.
O avião teria acabado de decolar quando, em poucos segundos, perdeu potência em ambos os motores. Surgiu até um chamado de MAYDAY, indicando a emergência que se desenrolava num ritmo frenético. Em meio ao caos, um dos motores chegou a recuperar parte da força, mas muito pouco para evitar o impacto fatal. O outro motor ficou apagado até o momento final.
Para quem se pergunta sobre problemas anteriores, a resposta está nos dados: o motor esquerdo havia sido trocado há menos de três meses, e o direito, pouco mais de um mês antes do desastre. Nenhum dos dois registrava falhas em suas revisões desde 2023, o que reforça a suspeita de que a tragédia não se deu por uma falha técnica clássica.
O relatório fez questão de ressaltar que não há indícios de falha sistêmica na aeronave da Boeing nem nos motores GE instalados. Isso, claro, não elimina a necessidade de investigar profundamente o que pode ter levado ao corte simultâneo de combustível nos dois motores — um evento considerado raríssimo em operações normais.
Especialistas em aviação alertam que ainda é cedo para cravar qualquer explicação. No momento, nem falhas técnicas específicas nem erro humano estão descartados. O que se sabe, por enquanto, é que a cadeia de acontecimentos foi rápida, confusa e fatal.
Este acidente reabre o debate sobre o treinamento de tripulações, a ergonomia dos comandos da cabine e até a cultura de segurança em companhias aéreas que operam grandes frotas. Não há como fugir dessa discussão, especialmente depois de um desastre tão inesperado — e num avião que, até agora, era considerado exemplo de tecnologia confiável.
Enquanto as famílias das vítimas aguardam respostas, a comunidade internacional de aviação segue de olho em cada atualização da investigação. Todo detalhe pode ser crucial para dar sentido ao que, por enquanto, parece apenas um pesadelo inexplicável dos céus indianos.
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