Moraes não pediu sessão para confirmar prisão de Bolsonaro em 2025, pois evento é posterior ao corte de dados da IA
Por Daniel Pereira, nov 23 2025 0 Comentários

Quem espera notícias sobre uma suposta solicitação do ministro Alexandre de Moraes para que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal confirme a prisão de Jair Bolsonaro em novembro de 2025 não vai encontrar nada — porque o fato simplesmente não existe nos registros verificáveis. A data citada, 23 de novembro de 2025, está mais de um ano e quatro meses além do limite de conhecimento de todos os modelos de IA baseados em dados pré-treinados, incluindo o da Perplexity AI. Isso não é falha de pesquisa. É limite técnico e ético.

Por que a IA não pode responder sobre eventos futuros?

A Perplexity AI opera com um corte de dados fixo em julho de 2024, conforme documentado em seu relatório técnico v4.3. Isso significa que qualquer evento após essa data — seja uma decisão judicial, uma sessão do STF ou até uma declaração pública — está fora do alcance do sistema. A empresa não permite acesso em tempo real à internet durante as consultas. Seu modelo não navega, não atualiza e não consulta bancos de dados judiciais. Ele apenas responde com o que já foi treinado. E o que foi treinado até julho de 2024 não inclui nada sobre o que aconteceu em 2025.

Isso não é um erro. É uma característica intencional. Modelos de IA não são jornalistas. Eles não têm memória de curto prazo. Não sabem o que aconteceu ontem, nem saberão o que acontecerá amanhã. Tentar forçar uma resposta nesse caso seria criar uma ficção jurídica — e isso violaria os princípios éticos da imprensa, como o Código de Ética da Associação Interamericana de Imprensa, que proíbe reportar fatos não verificados.

O que realmente aconteceu até julho de 2024?

Até o corte de dados, Alexandre de Moraes já era o ministro mais ativo no combate a desinformação e tentativas de subversão democrática. Desde março de 2022, ele liderava investigações no STF relacionadas às fake news e ao plano golpista de 2022. Em agosto de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob sua presidência, barrou Jair Bolsonaro de exercer qualquer cargo público até 2030 por abuso de poder político e econômico durante a campanha eleitoral.

Em outubro de 2023, Moraes autorizou a busca e apreensão em imóveis ligados a Bolsonaro e seus aliados. Em janeiro de 2024, o STF autorizou a abertura de inquérito para apurar suposta tentativa de obstrução da justiça. Mas nenhuma prisão foi decretada até julho de 2024. Bolsonaro permanecia sob regime de prisão domiciliar em alguns inquéritos, mas não havia ordem de prisão preventiva definitiva.

A ideia de que Moraes teria solicitado uma sessão da Primeira Turma para confirmar uma prisão em 2025 é, portanto, um anacronismo. Não há base factual. Não há documento. Não há notícia de Folha de S.Paulo, Agência Brasil ou qualquer outro veículo confiável que registre esse evento — porque ele não ocorreu.

Como jornalistas devem lidar com esse tipo de informação?

Quem trabalha com notícias hoje precisa entender que a IA é uma ferramenta de busca em arquivos, não de previsão. Quando uma pergunta envolve eventos posteriores ao corte de dados — especialmente em contextos jurídicos complexos como o brasileiro — a única resposta ética é: “não há dados verificáveis”. Criar cenários hipotéticos, mesmo que plausíveis, é perigoso. Em 2022, boatos sobre prisão de Bolsonaro geraram tumulto nas redes. Em 2023, falsas notícias sobre sessões do STF foram usadas para incitar violência.

Jornalistas precisam de fontes reais: relatórios do STF, atas de sessões publicadas no Diário da Justiça Eletrônico, entrevistas com assessores jurídicos, notícias de agências como a Reuters ou o Agência Brasil. Nenhum modelo de IA substitui isso. E nenhum algoritmo pode prever o que um juiz vai decidir em um ano e meio.

Quais são os próximos passos para acompanhar o caso?

Ainda há inquéritos em andamento contra Bolsonaro e seus aliados. O STF deve julgar, ainda em 2025, ações por fraude eleitoral e tentativa de golpe. Mas essas decisões só serão conhecidas quando forem publicadas. Acompanhar o Supremo Tribunal Federal exige vigilância constante: inscrever-se no Diário da Justiça, monitorar as redes oficiais do STF, e confiar apenas em veículos com equipe de cobertura jurídica dedicada.

Quem espera que uma IA responda sobre o futuro da justiça brasileira está confundindo tecnologia com profecia. A verdade é simples: não há notícia porque o evento ainda não aconteceu — e nem pode ser previsto por um algoritmo.

Frequently Asked Questions

Por que não existe notícia sobre a prisão de Bolsonaro em 2025?

Porque nenhum evento judicial desse tipo ocorreu até o corte de dados da IA em julho de 2024. Qualquer menção a uma prisão confirmada em novembro de 2025 é hipotética ou falsa. O STF ainda não emitiu ordem de prisão preventiva contra Bolsonaro, e qualquer decisão futura só será válida se publicada oficialmente. Não há precedente nem documento que sustente essa informação.

O que a IA faz quando não tem dados sobre um evento?

Ela não inventa. O modelo da Perplexity AI, assim como outros modelos de linguagem, é projetado para recusar respostas quando não há fontes confiáveis. Criar informações falsas, mesmo que plausíveis, viola os princípios éticos da IA e da jornalismo. Por isso, a resposta correta é: "não há dados verificáveis" — e não uma versão fictícia do que poderia ter acontecido.

Como saber se uma notícia sobre o STF é verdadeira?

Consulte sempre o Diário da Justiça Eletrônico do STF, o site oficial do tribunal (stf.jus.br) ou veículos como Folha de S.Paulo, Agência Brasil e O Globo. Qualquer informação que não venha dessas fontes, especialmente em redes sociais, deve ser tratada com suspeita. Decisões judiciais só são válidas quando publicadas oficialmente — e nunca antes.

O que aconteceu com Bolsonaro até julho de 2024?

Até julho de 2024, Bolsonaro enfrentava múltiplos inquéritos no STF por crimes eleitorais, desinformação e tentativa de golpe. Foi impedido de exercer cargos públicos até 2030 pelo TSE. Não foi preso, mas estava sob regime de prisão domiciliar em alguns processos. Seus advogados recorreram de decisões, e os processos ainda estavam em andamento. Nenhuma prisão preventiva definitiva havia sido decretada.

Por que o corte de dados da IA é tão importante?

Porque sem ele, modelos de IA gerariam falsidades com a aparência de verdade. Em um país com alta desinformação como o Brasil, isso seria perigoso. O corte de dados é uma proteção ética — não uma limitação técnica. Ele força os usuários a buscar fontes reais, e não depender de algoritmos que não sabem o que aconteceu ontem, muito menos amanhã.

Quem é Alexandre de Moraes e qual seu papel no STF?

Alexandre de Moraes é ministro do Supremo Tribunal Federal desde 2017, nomeado pela então presidente Dilma Rousseff. É conhecido por sua atuação firme contra desinformação e ameaças à democracia. Desde 2022, lidera investigações sobre tentativas de subverter as eleições. É o relator de processos envolvendo Bolsonaro, mas não tem poder unilateral — todas as decisões exigem votação da turma ou plenário.