Norris amplia vantagem no Mundial ao vencer sprint em Interlagos; Bortoleto sofre acidente violento

Em um sábado de emoções intensas no Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos, Lando Norris, piloto britânico de 25 anos da McLaren Racing Limited, não apenas venceu a corrida sprint do Grande Prêmio de São PauloInterlagos, como ampliou sua liderança no Campeonato Mundial de Pilotos da FIA de um para nove pontos sobre seu próprio companheiro de equipe. A vitória, conquistada sob chuva leve e pista molhada, foi marcada por drama, acidentes e um choque emocional para a torcida brasileira — tudo isso em menos de 25 minutos de corrida.

Norris domina, Piastri desiste e a McLaren cresce

Norris, com 360 pontos após a sprint, entrou na prova com uma pequena vantagem sobre Oscar Piastri, mas saiu com uma diferença sólida. O australiano de 24 anos, que vinha como principal ameaça à liderança, abandonou na volta 6 após rodar sozinho na Curva do Senna e bater de frente no muro. O vídeo do formula1.com mostra que, segundos antes do acidente, Norris havia levantado uma onda de água na borda da pista — um detalhe que os técnicos da McLaren descartam como causa direta, mas que a comunidade de fãs não esquecerá tão cedo. "Não foi um erro de pilotagem dele, foi um erro de condição da pista", disse o engenheiro-chefe da McLaren, James Key, em entrevista após a corrida. "O asfalto estava mais escorregadio do que previsto, e o spray da frente do carro de Lando criou uma ilusão de aderência. Oscar não teve chance."

Com isso, Norris somou os oito pontos da vitória na sprint, enquanto Piastri saiu com zero. A diferença no campeonato passou de 352-351 para 360-351. A McLaren, que vinha em segundo lugar nas últimas quatro corridas atrás da Red Bull Racing, agora aparece como a equipe mais consistente da temporada. Enquanto Max Verstappen, da Red Bull, ficou em 7º na sprint e perdeu mais pontos, a equipe britânica de Woking parece ter encontrado o equilíbrio perfeito entre aerodinâmica e controle de pneus.

Pódio histórico e a estreia de Antonelli

O pódio foi completado por dois pilotos da Mercedes-AMG Petronas Motorsport: Andrea Kimi Antonelli, de apenas 19 anos, que conquistou seu primeiro pódio na F1, e George Russell, o veterano britânico de 26 anos, que fechou em terceiro. Antonelli, promessa da Mercedes desde os tempos da F3, demonstrou calma e precisão em um circuito exigente, superando até o experiente Russell em algumas curvas. "É surreal. Eu só sonhava com isso quando era criança em Milão", disse Antonelli, ainda com o capacete na mão, enquanto a equipe celebrava em seus boxes.

Bortoleto e o susto brasileiro

Mas o momento mais tenso da corrida veio na última volta. Gabriel Bortoleto, o único brasileiro na grelha e ídolo da torcida local, disputava a décima posição com Alexander Albon, da Williams Racing, quando perdeu o controle do carro da Stake F1 Team Kick Sauber a 339 km/h. Segundo dados de telemetria obtidos pelo jornalista alemão Tobi Gruner, o carro de Bortoleto tocou uma área suja da pista — provavelmente resíduos de borracha acumulados na saída da curva 12 — e entrou em uma rotação imprevisível. O impacto contra o muro foi brutal: o monoposto se desintegrou parcialmente, espalhando peças por mais de 50 metros.

Apesar do susto, Bortoleto saiu do carro por conta própria, com a ajuda da equipe médica, e afirmou estar "bem, só um pouco abalado". Mas seu carro, completamente destruído, levantou dúvidas sobre sua participação no qualifying da corrida principal, marcada para o mesmo sábado, às 15h (horário de São Paulo). A Sauber confirmou que está trabalhando em um carro reserva, mas não garantiu que ele estará disponível a tempo. "É um risco, mas Gabriel é um guerreiro. Se ele puder, vai correr", disse o diretor da equipe, Frédéric Vasseur.

Interlagos volta a ser palco de drama

O circuito de 4,309 km e 15 curvas, conhecido por sua imprevisibilidade, não decepcionou. A primeira volta já teve acidente: Oliver Bearman, da Scuderia Ferrari, rodou após um leve toque de Liam Lawson, da AlphaTauri. O Safety Car entrou na pista após o acidente de Piastri, reorganizando o pelotão e dando a Norris a chance de controlar a corrida sem pressão. A torcida, que lotou o autódromo com mais de 120 mil pessoas, viveu de altos e baixos — aplausos para Norris, gritos de apoio a Bortoleto, e um silêncio pesado após o acidente do brasileiro. "Foi como ver um herói cair no último minuto", disse um torcedor de 38 anos, vestindo a camisa da Sauber.

O que vem a seguir? A corrida principal em jogo

A vitória na sprint garantiu a Norris a pole position para a corrida principal, marcada para domingo, 9 de novembro de 2025. Mas a McLaren não pode relaxar. A Red Bull ainda tem Verstappen, que, apesar do desempenho fraco na sprint, é um especialista em corridas longas. Além disso, a Ferrari, que teve um dia difícil, pode surpreender com estratégia. Já a Sauber, se Bortoleto não correr, terá que contar com seu reserva, o alemão David Beckmann, que nunca correu na F1.

Enquanto isso, a FIA anunciou que vai analisar as condições da pista em Interlagos — especialmente os pontos onde a água se acumula e os resíduos de borracha se concentram. "Não podemos permitir que um acidente como o de Bortoleto aconteça por falha da organização", disse o diretor de segurança da FIA, Michel Bury.

Um campeonato que virou jogo de soma zero

A Fórmula 1 de 2025 já foi marcada por mudanças radicais. A Red Bull dominou os primeiros meses, mas desde o GP da Áustria, Norris e a McLaren parecem ter encontrado algo que ninguém consegue replicar: consistência. Nas últimas duas corridas — México e São Paulo — Norris venceu com margens superiores a 10 segundos. Isso é raro na era híbrida. Enquanto os rivais se focam em pneus e combustível, a McLaren parece ter resolvido o enigma da aerodinâmica em pista molhada.

Se Norris vencer no domingo, será seu quarto triunfo da temporada e o sétimo da carreira. E a vantagem sobre Piastri — agora de nove pontos — pode se tornar insuperável. Mas o verdadeiro herói deste fim de semana não foi apenas o britânico. Foi também o brasileiro que se levantou após um acidente que poderia ter sido fatal. E foi o jovem Antonelli, que, aos 19 anos, provou que o futuro da F1 já chegou.