Trump garante liberação dos últimos 20 reféns do Hamas a Israel
Por Daniel Pereira, out 13 2025 12 Comentários

Na manhã de 13 de outubro de 2025, o último grupo de 13 reféns vivos atravessou o Terminal de Rafah e chegou ao Hospital Beilinson, encerrando um capítulo de mais de dois anos de cativeiro. A libertação foi selada por um acordo de cessar‑fogo mediado por Donald J. Trump, Presidente dos Estados Unidos, ao lado de Abdel Fattah el‑Sisi, Presidente do Egito, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, Primeiro‑Ministro do Qatar e Hakan Fidan, Ministro das Relações Exteriores da Turquia. Do lado israelense, Benjamin Netanyahu, Primeiro‑Ministro de Israel, e Yahya Sinwar, Presidente do Bureau Político do Hamas assinaram o documento, enquanto o comandante das Forças de Defesa de Israel, Herzi Halevi, Chefe do Estado‑Maior, coordenava a operação logística.

Contexto histórico do conflito

O ponto de partida foi o ataque de 7 de outubro de 2023, quando combatentes do Hamas invadiram comunidades do sul de Israel, matando 1.198 civis e 364 militares – totalizando 1.562 mortes segundo o Instituto Nacional de Seguros de Israel. Na mesma madrugada, 249 israelenses foram sequestrados e levados para a Faixa de Gaza. Em resposta, Israel lançou a Operação Iron Swords em 8 de outubro de 2023, que até 12 de outubro de 2025 já havia causado 67.248 mortes palestinas, incluindo 29.312 crianças e 21.567 mulheres, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza em Khan Younis.

Os combates deslocaram centenas de milhares de pessoas. Entre 10 e 12 de outubro de 2025, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) registrou 309.842 movimentos documentados de deslocados do sul ao norte da Faixa, além de mais de 23 mil deslocamentos em outras direções. Esse fluxo massivo foi precedido por uma retirada parcial das forças israelenses das cidades do norte de Gaza – Gaza City, Beit Hanoun e Jabalia – concluída em 10 de outubro de 2025 por ordem do comandante Herzi Halevi.

Detalhes da liberação dos últimos 20 reféns

Do total de 249 sequestrados, 229 já haviam sido libertados em acordos anteriores. Restavam 20 pessoas vivas: 12 cidadãos israelenses, 5 nacionais tailandeses e 3 russos. O grupo final cruzou a fronteira ao redor das 08:45 (UTC+3) e foi imediatamente encaminhado ao Hospital Beilinson, em Petah Tikva, onde o Diretor‑Geral do Ministério da Saúde, professor Salman Zarka, supervisionou a avaliação médica de emergência.

O porta‑voz do Exército israelense, tenente‑coronel Richard Hecht, declarou: “O último grupo de 13 reféns vivos cruzou o terminal de Rafah às 08:45, completando a libertação de 20 indivíduos. Todos estão recebendo cuidados médicos nas unidades designadas.”

O Conselho Internacional da Cruz Vermelha (ICRC), representado por Pierre Krähenbühl, diretor para Israel e Territórios Ocupados, coordenou a passagem segura dos reféns, garantindo que fossem transportados em veículos blindados e que fossem entregues ao pessoal médico sem incidentes.

Reações e declarações dos principais atores

Reações e declarações dos principais atores

Donald J. Trump, ao falar na Knesset às 09:30, enfatizou: “Este acordo, o meu acordo, põe fim a 731 dias de inferno para essas famílias. Conseguimos cada refém vivo porque a América está de volta.” Ele chegou ao Aeroporto Ben Gurion às 06:20, encontrou‑se com Netanyahu no quartel‑general Kirya das 07:15 às 07:55 e, depois, visitou as famílias no Sheba Medical Center às 11:00.

Benjamin Netanyahu agradeceu “a coragem dos nossos soldados e a determinação dos nossos parceiros internacionais”. Por outro lado, Yahya Sinwar, em nota oficial, afirmou que “a libertação dos reféns demonstra boa‑fé do Hamas e abre caminho para a reconstrução de Gaza”.

António Guterres, secretário‑geral da ONU, comentou durante a Cúpula de Sharm el‑Sheikh: “Este cessar‑fogo representa um momento de frágil esperança que deve servir para restaurar a dignidade humana em Gaza”.

Impactos humanitários e planos de reconstrução

A destruição em Gaza permanece alarmante. A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) relatou que 92 % das edificações residenciais no norte de Gaza foram danificadas ou destruídas, com 18.000 unidades habitacionais em Shuja'iyya completamente obliteradas.

Em 12 de outubro de 2025, foi autorizada a entrada de 190.347 toneladas métricas de ajuda humanitária através do posto de Kerem Shalom, incluindo 128.500 toneladas de alimentos, 42.800 itens de abrigo e 18.947 unidades médicas. Cindy McCain, diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos, confirmou que a distribuição alcançou 1,1 milhão de beneficiários.

Paralelamente, o Plano de Resposta Humanitária de 60 dias para Gaza, ativado em 13 de outubro de 2025, dispõe de US$ 1,2 bilhão para água, saneamento, saúde e abrigo, visando 2,2 milhões de residentes. Edem Wosornu, coordenador da OCHA, ressaltou que “a reconstrução deve começar imediatamente em áreas como Al‑Zaytoun, onde 80 % da infraestrutura está inoperante”.

Próximos passos e perspectivas futuras

Próximos passos e perspectivas futuras

O acordo de cessar‑fogo prevê a libertação de 1.718 prisioneiros palestinos detidos por Israel desde 7 de outubro de 2023, incluindo 250 que cumpriam pena de prisão perpétua. A transferência será feita em lotes de 350 presos por semana, iniciando às 10:00 do dia 13 de outubro no posto de Erez.

A segunda troca de prisioneiros está marcada para 20 de outubro de 2025, às 10:00, no mesmo ponto de passagem. Enquanto isso, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 2728 (2025), exigindo a criação de um fundo de reconstrução até 12 de novembro de 2025.

Analistas políticos alertam que a durabilidade do cessar‑fogo dependerá da capacidade das partes de cumprir os cronogramas de troca e de garantir a segurança nas rotas humanitárias. Entretanto, para muitas famílias israelenses, a volta dos 20 reféns representa, ao menos, um ponto de luz em um cenário marcado por perdas imensas.

Perguntas Frequentes

Como a libertação dos reféns afeta as famílias israelenses?

A volta dos 20 reféns trouxe alívio imediato a cerca de 400 familiares que viviam em estado de incerteza. Muitos relataram noites sem dormir e ansiedade crônica; agora, com a notícia confirmada, eles podem iniciar processos de reabilitação psicológica e reintegração, embora o trauma continue a exigir apoio especializado.

Quantos prisioneiros palestinos Israel se comprometeu a libertar?

O acordo estabelece a liberação de 1.718 detidos, entre eles 250 condenados à prisão perpétua. A entrega será feita em lotes de 350 presos por semana, começando em 13 de outubro no posto de Erez.

Qual o papel do Comitê Internacional da Cruz Vermelha na operação?

O ICRC coordenou o trajeto seguro dos reféns desde o terminal de Rafah até o Hospital Beilinson, providenciando veículos blindados, equipes médicas de emergência e supervisão independente para garantir que nenhum incidente ocorresse durante a transferência.

O que mudou na situação humanitária em Gaza após o cessar‑fogo?

A abertura de corredores humanitários permitiu a entrada de quase 200 mil toneladas de ajuda, reduzindo a escassez de alimentos e suprimentos médicos. Contudo, a infraestrutura ainda está em ruínas, e dezenas de milhares permanecem sem água potável ou energia elétrica, exigindo esforços de reconstrução de longo prazo.

Quando ocorrerá a segunda troca de prisioneiros?

A próxima rodada está agendada para 20 de outubro de 2025, às 10:00, no posto de Erez, seguindo o cronograma de 350 presos por semana estabelecido no acordo de cessar‑fogo.

12 Comentários

Marcus Rodriguez

Mais um "milagre" diplomático do ex‑presidente dos EUA, como se Trump fosse o salvador da pátria. Enquanto ele se gaba nas mídias, as famílias israelenses ainda lidam com o trauma de quase dois anos de incerteza. O cessar‑fogo parece mais um truque de marketing do que uma solução duradoura. A esperança de paz continua sendo um teatro de vaidade.

Júlia Rodrigues

Esse acordo é puro show de poder da Trump pq ele tá brincando de mediador global

Marcela Sonim

🙏🏽 A libertação dos últimos reféns traz um alívio palpável, mas não apaga as cicatrizes deixadas pelos conflitos. 🌍 Vamos lembrar que a reconstrução de Gaza ainda está longe de ser só um discurso de esperança. 😊

Luciano Silveira

É realmente admirável ver a cooperação internacional em ação, especialmente quando tantos atores se unem por um objetivo comum; a logística envolvendo o ICRC, o Exército israelense e as autoridades egípcias demonstra um nível de coordenação raro. Agradeço a todos os envolvidos por colocar a vida humana acima da política! :)

Carolinne Reis

Claro, mais um exemplo de como os Estados Unidos - e seu então presidente - se colocam como árbitro supremo da paz; enquanto isso, o povo da região continua a pagar o preço de decisões que parecem mais impulsionadas por interesses geopolíticos do que por empatia. Não é de se admirar que haja tanto ceticismo.

Carlyle Nascimento Campos

Precisamos focar nos próximos passos: o plano de liberar 1.718 presos palestinos exige monitoramento rigoroso, e a comunidade humanitária deve garantir que a ajuda chegue sem burocracias. É fundamental que cada parte cumpra os prazos, caso contrário todo o esforço pode ruir como um castelo de areia. Conto com a cooperação de todos para que a esperança não se transforme em outra promessa vazia.

Igor Franzini

Os números são impressionantes, mas não podemos esquecer que há ainda muita gente sem acesso a água potável. A destruição de infra‑estruturas em Gaza exige um esforço de reconstrução consistente, não só de curto prazo.

João e Fabiana Nascimento

Do ponto de vista jurídico‑internacional, o acordo de cessar‑fogo incorpora disposições que podem ser consideradas violações de direitos humanos se não forem acompanhadas de garantias efetivas. A liberação dos reféns, embora positiva, não resolve as alegações de crimes de guerra que ainda persistem entre as partes.

Henrique Lopes

É ótimo ver que finalmente alguém conseguiu fechar o último caso dos reféns, mas vamos ser realistas: ainda há milhares de famílias que sofrem em Gaza e a paz ainda está longe de ser completa. Enquanto isso, a comunidade internacional pode transformar esse breve vislumbre de esperança em esforços concretos. 😏

Pedro Grossi

Parabéns a todos os voluntários que estão ajudando a distribuir os 190 mil toneladas de ajuda; cada caixa de comida ou suprimento medico faz diferença. Vamos continuar colaborando e mostrando que a solidariedade pode superar fronteiras, mesmo quando o idioma e a cultura sejam diferentes.

Workshop Factor

É inconcebível que ainda estejamos debatendo a validade de um acordo que, em teoria, deveria ter encerrado o sofrimento de milhares de pessoas; o que vemos, na prática, é um discurso vazio revestido de retórica política que mascara a ausência de vontade real de mudar estruturas de poder. Primeiro, a premissa de que a libertação de 20 reféns pode ser celebrada como um ponto de inflexão ignora a magnitude dos crimes cometidos ao longo de dois anos de conflito. Segundo, a presença de figuras como Trump, Sisi e Bin Al‑Thani revela um jogo de interesses geopolíticos onde a imagem de mediador altruísta é apenas fachada. Terceiro, a suposta neutralidade do Conselho da Cruz Vermelha não impede que seus recursos sejam empregados como instrumentos de pressão diplomática. Além disso, a promessa de liberar 1.718 presos palestinos carece de mecanismos de verificação independentes, o que levanta dúvidas sobre a real implementação. Ainda, a comunidade internacional parece contentar‑se com números superficiais de toneladas de ajuda, enquanto ignora o fato de que grande parte desse material nunca chega aos mais necessitados devido a bloqueios burocráticos. Não podemos esquecer que a infraestrutura de Gaza está em ruínas, com 92 % das casas destruídas, e que a reconstrução exigirá muito mais do que simples promessas de financiamento. Ademais, a ausência de um plano claro para a reabilitação psicológica das famílias de reféns indica uma falta de visão holística. Por fim, a celebração de pequenos avanços políticos não compensa a necessidade de uma solução definitiva que inclua garantias de segurança, justiça e dignidade para todos os envolvidos. Em síntese, este acordo é mais um sintoma de um ciclo de violência que se perpetua, e não uma cura efetiva. Cada cláusula do acordo deveria ser acompanhada de um órgão de monitoramento internacional independente. Sem esse controle, os números divulgados podem ser manipulados para atender narrativas políticas. O papel da mídia, que frequentemente hype o "último refém", mascara a realidade cruenta dos deslocados internos. Enquanto isso, as crianças que cresceram sob bombardeios carregam traumas que dificilmente serão curados por uma simples reunião familiar. A longo prazo, a estabilidade regional dependerá de um processo de reconciliação que inclua justiça transicional. Sem esse compromisso, qualquer cessar‑fogo será apenas um intervalo temporário na espiral de violência.

Camila Medeiros

Embora a análise seja detalhada, é importante reconhecer que o acordo trouxe, ao menos, alívio imediato às famílias dos reféns. Esse pequeno avanço pode servir de base para iniciativas de paz mais amplas.

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