CPMI convoca presidente da Conafer e empresário ligado a Nelson Wilians em investigação de fraude ao INSS
Por Daniel Pereira, set 27 2025 0 Comentários

Na última quinta‑feira (25/09), o CPMI – Comissão Parlamentar Mista de Inquirição – avançou nos passos da investigação que aponta um esquema de desvio de benefícios do INSS envolvendo milhares de segurados. Foram aceitos 25 pedidos de convocação, entre eles dois nomes que ganharam destaque na mídia: Carlos Roberto Ferreira Lopes, à frente da Conafer, e o empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, antigo parceiro de Nelson Wilians Rodrigues.

Convocações aprovadas pela CPMI

O presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes, apareceu em oito dos pedidos apresentados pelos parlamentares. A entidade, que reúne agricultores familiares e empreendedores rurais, viu seu faturamento disparar de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões exatamente no período em que os descontos indevidos foram intensificados. Segundo os documentos analisados, a Conafer teria recebido cerca de R$ 688 milhões provenientes de descontos feitos diretamente nas pensões de milhões de beneficiários.

Do outro lado, Fernando Cavalcanti foi incluído na lista por sua ligação estreita com o advogado Nelson Wilians, que já tem prisão preventiva solicitada pelo próprio CPMI. A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Cavalcanti, encontrando carros de luxo, joias e uma adega de vinhos avaliados em R$ 7 milhões. O empresário também figura em estruturas societárias ligadas a Nelson Wilians e tem relação com Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS".

Detalhes das investigações e próximos passos

Os depoimentos de Lopes e Cavalcanti foram marcados para segunda‑feira, 29 de setembro, logo após a sessão de quase nove horas que teve Antonio Camilo Antunes como testemunha. O senador Carlos Viana (Podemos‑MG), que preside a CPMI, garantiu que os dois serão ouvidos de forma rigorosa, com a promessa de que nada será ocultado.

Além das convocações, a comissão aprovou a quebra do sigilo bancário e fiscal de Nelson Wilians Rodrigues, bem como o pedido de sua prisão preventiva. O Supremo ainda não autorizou a medida, mas a pressão aumentou depois que o advogado do acusado, amparado por habeas‑corpus, se recusou a responder perguntas na comissão.

Outro ponto crítico revelado no relatório da CPMI é a participação de Maurício Camisotti, empresário que recebeu pagamentos milionários da firma de Nelson Wilians. Camisotti também está sob investigação, o que indica que o esquema pode envolver uma rede ainda maior de operadores financeiros.

Com a extensão dos indícios, a CPMI pretende solicitar novas diligências à Receita Federal e ao Banco Central, visando rastrear o caminho do dinheiro desviados pelos descontos ilícitos. O objetivo é identificar quem mais se beneficiou da prática e, se possível, recuperar parte dos recursos perdidos pelos segurados.

Enquanto isso, a Conafer, que tem peso político nas discussões sobre reforma agrária e apoio ao pequeno produtor, enfrenta forte pressão de agricultores que ainda não foram atingidos pelos descontos. Representantes da categoria já pedem esclarecimentos e prometem rever a gestão se ficar comprovada a participação no esquema.

O caso ainda tem desdobramentos a caminho. A próxima sessão da CPMI, marcada para o final da semana, deve analisar o pedido de prisão de Nelson Wilians e decidir sobre a continuidade das investigações contra outros membros da rede. O que está claro é que o escândalo do INSS pode se transformar em um dos maiores episódios de corrupção envolvendo benefícios previdenciários da história recente do Brasil.

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